PROJETO DE PESQUISA. Manifestações populares, seus ofícios e histórias de vida em tempos de epidemia. Nesse projeto, destacamos os ofícios envolvidos em todas as etapas desses ritos e levantamos os desafios particulares desse momento histórico de pandemia. O projeto pretende contemplar manifestações brasileiras e internacionais, devido a abrangência do tema e do impedimento da epidemia. MOTIRÔ é um vocábulo Tupi Guarani que fala de trabalhos grupais e ofícios coletivos - o que gerou o termo "mutirão".
I.INTRODUÇÃO
Os festejos populares têm como traço predominante a dimensão coletiva e ocupação dos espaços públicos. Esses traços emergem não só no âmbito do rito em si, mas em diversas fases de sua preparação: na captação de recursos em quermesses, festas e encontros; na produção de artefatos em áreas públicas ou de grande grupamentos sociais; nos ensaios nos próprios espaços e na pré-produção do local que pode envolver aspectos decorativos, logísticos e ritualísticos também.
A sobrevivência destes ritos - para usar um termo defendido por Didi-Huberman ao falar de cultura popular em sua obra a "sobrevivência dos vaga-lumes" - depende de uma diversidade de fatores sócio-culturais que podem envolver demandas políticas, econômicas, legislativas e até sanitárias. A imagem do vaga-lume proposta por Pasolini e que justifica o título da obra de Didi-Huberman, é usada para descrever a manifestação local e seu caráter popular e ritualístico. A metáfora aponta exatamente para essa dupla função das manifestações populares: ser um farol onde a força e o encantamento se dão não pela potência de um tipo de luz que se pretende única e massiva (um holofote), mas pela diversidade de fontes (do grupo de insetos) e a delicadeza que tem seu impacto no contraste com a escuridão da noite em ambientes rurais ou periféricos.
Porém, ao mesmo tempo, a metáfora descreve riscos e fragilidades. Há uma dependência de um ecossistema que permite a vida do delicado inseto e a preservação da escuridão do seu entorno para que não seja rompida por luzes artificiais ou ofuscantes. Assim, os ritos populares terão essa dimensão pungente e delicada ao mesmo tempo. Em tempos de isolamento e riscos sociais diante de uma pandemia, os festejos que devem ser coletivos e dependentes dos espaços públicos são ameaçados ao mesmo tempo que se reinventam, promovem novas alternativas, se planejam para um futuro próximo e revêem o papel simbólico de sua dimensão coletiva e pública, por vezes, já naturalizada na repetição do rito.
Nesse projeto MOTIRÔ, destacamos os ofícios envolvidos em todas as etapas desses ritos e levantamos os desafios particulares desse momento histórico de pandemia. O projeto pretende contemplar manifestações brasileiras e internacionais, devido a abrangência do tema e do impedimento da epidemia.
MOTIRÔ é um vocábulo Tupi Guarani que fala de trabalhos grupais e ofícios coletivos - o que gerou o termo "mutirão". No projeto, a denominação tem a função destacar nos festejos os seus ofícios e sua dimensão coletiva.
II. DESCRIÇÃO
O projeto pretende se valer da metodologia do Museu da Pessoa e dos projetos de pesquisa de várias universidades em relação à cultura popular para recolher histórias de artesãos que produzem, organizam e participam de festejos no Brasil e no mundo. O projeto parte de alguns grupos sociais jé em contato com as pesquisas dessas instituições e pretendem ampliar o escopo com chamadas para outras manifestações.
Dividimos os festejos em dois grandes grupos: ritos religiosos e ritos profanos - mas entendemos as mesclas que existem em várias dessas manifestações. A partir dessa subdivisão, iniciamos uma listagem dos contatos já existentes buscando alguns paralelismos e complementaridades. O projeto de início pensa em uma dimensão mundial, já que há universidades parceiras em outros países.
A ideia é concentrar as perguntas em relatos sobre as características dos festejos e dos ofícios envolvidos, mas sobrepor às histórias de vida desses sujeitos. Aproveitando o período de isolamento necessário a epidemia do Coronavírus, a proposta é que cada depoimento se encerre com os desafios que esse contexto atual oferece a esses sujeitos, seus ofícios e suas manifestações tão dependentes do sentido de coletividade e de ocupação das ruas.
Já temos catalogados alguns casos exemplares como a ação da LIESA que alocou os artesão dos barracões das escola de samba do Rio de Janeiro (Cidade do Samba) na produção local de máscaras, ou das artesãs da favela do Cantagalo que se uniam em torno do ofício para festejos da pastoral e, agora, atuam em açòes solidárias.
Um outro olhar carnavalesco
História de: Leonardo Augusto Bora
Zambiapungas de Nilo Peçanha
História de: Walmório André Monteiro do Rosário
Reforçando Raízes
História de: Marcelo Índio
Realização PUC-RIO/Museu da Pessoa
Coordenação Geral: Nilton Gonçalves Gamba Junior (Departamento de Artes & Design da PUC-Rio); Solange Jobim e Souza (Departamento de Psicologia da PUC-Rio); Lucas Lara e Sonia London (Museu da Pessoa).
Supervisão: Desirée Bastos de Almeida, Priscila Andrade Silva.
Supervisão técnica: Eliane Garcia, Ricardo Ferreira Rodrigues e Nathália Valente Cramer Ribeiro.
Pesquisadores DHIS:
Davison da Silva Coutinho, Miguel dos Santos Carvalho, Simone Carvalho de Formiga Xavier, Humberto Barros da Silva, Nathália Valente Cramer Ribeiro, Jocineia Pereira dos Santos, Eliane Carla da Silva Viana, Camilla Serrão Pinto, Aline Jobim e Souza, Gabriel Alves de Castilho, Marcely Soares Rodrigues, Paula Oliveira de Alcantara Cruz, Fernanda Morais, Andrea Camargo, Arthur Langer Garcia, Maria Claudia Bolshaw Gomes.
Parceiros por extenso:
Museu da Pessoa, Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro, Dhis - Laboratório de Design de História, Núcleo Interdisciplinar de Memória, Subjetividade e Cultura, Mascarados Afroiberoamericanos, Departamento de Artes & Design, Instituto Politécnico de Leiria, UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, UFJS - Universidade Federal de São João del-Rei, Universidad Iberoamericana, Pontifícia Universidad Javeriana, Instituto Politécnico do Cávado e Ave, Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Unifimes - Centro Universitário de Mineiros, Grupo Conexão G de Cidadania LGBT para Moradores de Favelas, Observatório de Favelas e Redes da Maré, AUSJAL - Asociación de Universidades Confiadas a la a Compañía de Jesús en América Latina, Centro Interpretativo da Máscara Ibérica, MUF - Museu de Favela, NADA - Núcleo de Arte Digital e Animação, Laboratório Interdisciplinar em Natureza, Design & Arte, Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, LIS - Laboratório de Imagem e Som.